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Cássia Kiss em teatro de rua

GENTE SEM SEXO TENTANDO SE JUSTIFICAR! PERIGOSO ISSO! “Muita gente vive bem sem sexo! Estou sem sexo e blá blá bla´” Essa é a frase de muitos, diante do meu alerta sobre a Cassia Kiss, que falou que faz 4 anos que está sem sexo, e diz estar “muito bem”. Alguns preferiram ir além dessa frase e tentaram me ofender, dizendo que fui machista etc. Bem, quem me chama de machista, eu tendo a desconsiderar. Pois chamar pessoas de machista é como chamar de invejoso, é apenas desejo de lacrar. É burrice. Lacrador é gente sem argumento. O que eu falei sobre sexo vale para mulher e homem, e todo mundo sabe disso. Ou ao menos todo mundo que se auto-observa sabe disso.

Agora, sobre a Cassia Kiss, tem um detalhe que os apressadinhos não quiseram ler: ela está sem sexo e vem de nove relacionamentos acabados por conta, principalmente, da bipolaridade, e de uma infância em que apanhava para valer da mãe. Eu expliquei o contexto, não quiseram ler. O lacrador nunca quer ler. Dito isso, volto ao assunto do sexo.

Negar o corpo é, em geral, mais doença que opção de vida. Padre que levou a sério o celibato, termina mal. Os casos proliferam todos os dias. Gay reprimido, então, nem se fale, é prato cheio para psicanalista. Temos algo que desde Agostinho aprendemos a chamar de libido, e que com Freud ajudou a fundar a noção de inconsciente (antes, estar inconsciente era estar simplesmente desacordado). Essas forças libidinais são energia psíquica. O software é a libido, a energia psíquica; agora, a energia física, é o hardware, e é o arroz com feijão que sustenta o hardware. Como disse esses dias a Bruna Marquezine: eu pensei que estava frígida, mas eu estava é com fome. Há interação, claro, entre o hardware e o software, e há interação entre o software e o software. Nesse segundo caso, uma autoprogramação. Nós nos reprogramamos sempre. Por exemplo: não quero mais fazer sexo por tais e tais motivos e esses motivos são suficientes. Pimba! Acabou o sexo. Posso viver sem isso? Posso! Posso ser feliz? Não! Posso achar que sou feliz, mas na verdade apenas não conheci uma felicidade maior, e por isso me contento com a que tenho. Ou então posso ter encontrado uma felicidade tão grande que não arrisco, até por medo, a uma segunda tentativa. Nos dois casos, o discurso “estou feliz sem sexo” é mentiroso.

É duro aceitar isso. Mas é uma verdade que conseguimos ter acesso se nos examinamos com coragem, e se examinamos outros com método acurado. Cuidado, atentem para o que estou dizendo: você pode ser feliz, mas por conta de não conhecer uma felicidade maior ou por conta de ter medo de na segunda tentativa morrer tendo sido infeliz.

Agora, o pior de tudo é quando começamos a achar que não se vira bolsominion por ficar sem sexo. Cuidado lá! Pois sem sexo a pessoa vira até jacaré (assexuado), e então, para virar bolsominion, não custa. A frustração sexual do neofascista NÃO é algo da ficção, do cinema, do cliché, é um dado que já foi estudado. De Reich até as pesquisas recentes sobre comportamento, uma boa parte da direita é de gente com enorme dificuldade de dar e receber amor corporal. Assim, nem todo frustrado sexual vira fascista, mas uma boa parte de fascistas são frustrados sexuais. Cássia Kiss está sem amor. E ela sempre gostou de ter amor. Amor de sexo. E ela canalizou sua libido para algo bem forte, para escapar disso. Qual é a coisa forte que a fez se integrar ao grupo de oração que a levou para o bolsonarismo? Um aborto que fez quando jovem, e que ela menciona em todo tipo de entrevista. Cada época da vida, de modos diferentes, isso reaparece em entrevistas como um incômodo. Chegou a hora, agora, de jogar isso para a expiação. Com camisa “Não ao aborto”, ela se integra a grupos de bolsominions na rua. O comunismo é a liberdade do corpo. Na cabeça dela, é a destruição da família tradicional, que ela sempre quis ter e não conseguiu. Então, “comunismo” é algo que deve ser xingado, deve ter a Virgem Maria contra etc. O discurso da direita do momento, para uma bipolar, casa bem com a expiação. A falta de amor corporal, nesse contexto, ajuda o exacerbar das atitudes, o histrionismo. Gera algo que no século XIX foi qualificado como histerismo, e que hoje, mesmo fora de moda, deveríamos voltar a notar. Histérico, hoje, pode ser uma qualidade daquele que teatraliza a si mesmo. Há histéricos demais entre bolsonaristas nas ruas, pode reparar.

As pessoas que dizem que estão sem sexo e, mesmo assim, não viraram Cássia Kiss, deveriam repensar suas vidas. Deveriam ter a coragem de repensar essa fala tão taxativa. Estão tentando se enganar, às vezes por covardia. Negar o corpo é morrer antes do ir para o cemitério. Sublimação é algo que não dura para sempre, em um determinado momento, pode explodir. Pois nem toda sublimação é bem feita. Muito dos casos de sublimação não passam de repressão absurda, e o corpo logo irá explodir, ou pior, implodir, gerando todo tido de coisa que à primeira vista não tem nada a ver com sexo ou felicidade corporal.

Nem todo pintor pinta bem a ponto de achar que a arte o fez conseguir ficar sem sexo. Um dia, ele acorda, vê que seus quadros são um lixo, e põe fim à vida, dado que a vida já havia acabado faz tempo, quando aposentou o corpo sexuado. Podem gemer contra esse artigo, eu deixo.

Paulo Ghiraldelli, professor, filósofo e escritor. Canal do Filósofo, do movimento Esquerda Reflexiva: youtube.com/tvfilosofia

5 comentários em “Cássia Kiss em teatro de rua”

  1. Somos mais felizes quando expressamos nossos desejos sexuais, também entendo a vida dessa forma. Gostei de ler esse texto professor.

  2. Ghiraldelli, eu acho que tu estás tão bipolar quanto eu e a Cássia Kis. Tu só pensas em sexo que ninguém poderia viver sem ele, nem o padre, e não raro tu falas em erotismo, os peitos de Janja sobre o púlpito onde vai falar o ladrão agora presidente eleito, tu só falas em putaria. Tu deves estar bipolar, tal qual eu e a Kis. Sugiro que tu tomes o carbonato lítio que eu tomo todos os dias para tu melhorares e que tu vás te benzer com água benta, porque até padre tu envolvestes no tua talvez fase maníaca bipolar, eu já passei por isso, só pensavam sexo, também e também acaba histérico.

  3. Tema pertinente, mas do jeito que o prof. Ghiraldelli fala, fica parecendo que só não transa quem não quer, igual a emagrecer ou abrir o próprio negócio. Quem está por dentro do assunto percebe que o texto faz referência à sexologia reichiana, à relação da repressão sexual com o autoritarismo. Seria interessante um dia abordar a narrativa reichiana e o contraponto com outras, como a de Freud. Até para se desfazer dos enganos (por puritanismo ou desconhecimento) que cercam o assunto. Senão vira a caricatura do tiozão transudo reclamando que todo mundo é careta.

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