Pular para o conteúdo

Por que brigamos com familiares por política?

Não éramos todos tão raivosos com a política como somos agora? As famílias não ficavam divididas por conta da opção entre candidatos? O senso comum jornalístico diz que não. O senso comum jornalístico é feito por jovens. Sou da velha guarda, vivi tempos de divergências políticas rudes.

Todavia, se pensarmos a partir da redemocratização, pode ser que o senso comum jornalístico, que grita a todo momento contra a tal “polarização”, tenha lá alguma verdade – mas claro que não, quando condena a polarização. Sem isso, sem divergência agudas, num país com tantas diferenças, estaríamos certamente num lugar estranho.

Mas a verdade sobre nossa índole no âmbito da política, talvez nem mesmo os historiadores profissionais possam dizer. Podemos apenas falar de impressões. Considerando o período democrático mais recente, é possível ver mudanças sobre as paixões políticas a partir das eleições em que Dilma e Aécio foram os protagonistas. Dali para diante, a política adentrou grupos de amigos, deteriorando-os, levando muita gente a romper definitivamente com amizades que pareciam, até então, bem sólidas. Com o Impeachment de Dilma e a entrada do bolsonarismo para catalisar novas aspirações da direita, aí sim as famílias foram atingidas e divididas. Sou daqueles poucos brasileiros que transitam pela família toda, sem que as divergências da política criem clima indigesto. Exatamente por isso, conheço como as coisas andam. Tenho visto como aumentou o número de famílias em que as coisas ficaram insuportáveis.

Como chegamos a isso? Trata-se de algo conjuntural? Ou vamos só crescer em disputas? É alguma coisa só do Brasil? Ou é algo maior, que aponta para uma vida ocidental mais divergente?

Procuro explicar essa situação não pela exacerbação das paixões. Penso que o que faz a política ser um divisor de águas no seio familiar de modo mais acentuado é o seguinte: a divisão tipicamente moderna e burguesa entre o público e o privado se esfumaçou; os problemas tidos como privados e até íntimos adentraram o campo público e se tornaram, então, problemas políticos; e logo em seguida foram devolvidos desse campo político ao que seria o campo privado, familiar, na forma de “pautas de costume”, assumidas por plataformas políticas.

Tanto a esquerda quanto a direita participaram disso, embora, claro, de modos bem diferentes. Elas cederam à confusão entre o público e o privado, e quando se deram conta – se que é que se deram conta – já estavam imersas nessa situação que alguns, nos anos setenta e oitenta, chamaram de pós-modernidade, e que mais recentemente, foi batizada de guerra cultural, “guerra híbrida” etc.

Essa indistinção entre o que era o campo público e o que era o campo privado, ao menos até os anos oitenta, ou ao menos até o que durou antes da globalização virtual criada pela internet, tem crescido assustadoramente. Foi algo que se ampliou absurdamente com a vida cotidiana se fundindo com a vida virtual, digitalizada, globalizada. Essa vida nossa atual é testemunha de uma ampliação enorme de um certo tipo de cultivo do eu, de exposição do que era o privado e até mesmo o íntimo, com a exposição corporal e imagética exacerbadas. Buscamos todos, mesmo os que negam isso, um preenchimento da alma por meio da identificação nossa com mercadorias ou marcas. A esfera pública foi povoada por esse desejo que antes tinha algum freio.

Fizemos isso por conta de termos mudado o nosso modo de produção, o nosso trabalho. Primeiro, deixamos a fábrica e viemos trabalhar nas empresas da cidade, ou mesmo trabalhar terceirizados no campo do tecido social, sendo este plataformizado virtualmente, e tendo isso ocorrido de modo muito rápido nos últimos vinte anos. Nos últimos 50 anos, fomos flexibilizando as regras do trabalho, os fluxos do dinheiro e do crédito, e enveredamos pelo neoliberalismo. O regime neoliberal foi a regra da política que garantiu a continuidade dessas tendências de uma sociedade flexibilizada. Uma vez todos tendo caído sob o regime de trabalho precarizado e atomizado, que caracteriza o pós-fordismo e o capitalismo financeirizado das últimas décadas, também cresceu o desespero da solidão na multidão, então, veio a busca por algum tipo de comunidade acolhedora. Igrejas, seitas, grupos de adoradores de coachs famosos e pseudointelectuais, e também bolhas políticas, se transformaram em lugares de socialização, ocupando de modo pouco saudável o lugar de escolas, sindicatos e associações de bairros. Esses novos lugares, sempre pouco cultos, se colocaram como ambientes de discussão de temas que não respeitaram a divisão entre público e privado existente anteriormente. Tudo passou a ser posto em conversa sem que se pudesse observar o que seria atribuição dos setores público e privado.

O tipo de socialização que passamos a desenvolver com as regras de uma sociedade atomizada nos empurrou ladeira abaixo, e entramos para a perda de noção do que era a vergonha, o orgulho, a discrição, as boas maneiras para com os mais velhos e os nossos deveres para com rituais necessários.

Jair Bolsonaro é um exemplo típico dessa confusão. Ele é uma figura pública, e sendo assim deve explicações de todos os seus atos à nação. Todavia, quando acusado de qualquer ilicitude, reclama e diz que estão invadindo seu direito à vida particular. Reclama por algo que todos perderam sem assim o desejarem, enquanto ele, por sua vez, não perdeu, mas abdicou, por desejar ser político!

Bolsonaro decretou sigilo de cem anos sobre visitas que sua esposa recebeu. Ele quer fazer crer que as visitas levariam à especulação sobre traições. Mas esse não é o caso a ser discutido. O sigilo é feito, quando é legítimo, para preservar a segurança nacional. Ora, a população pode ficar sabendo se o presidente é corno ou não, ou se sua mulher faz atos de corrupção, e isso não afetaria em nada a segurança nacional. Bolsonaro perdeu a dimensão da distinção entre público e privado, mas essa distinção, na consciência popular, também já está completamente alterada.

Assim, uma série de assuntos morais, que envolveriam apenas a vida particular, atravessam os assuntos ético-políticos, que envolvem políticas públicas definidas. Tudo que é público se torna passível de ser privatizado. Não se está aqui diante de uma volta ao embate entre liberalismo e intervencionismo nos moldes do século XIX. Mas em uma volta a discussões abolidas de uma maneira deteriorada, sem critérios. Antes, por exemplo, durante nossa Primeira República, liberais não queriam educação escolar pública, pois achavam que o estado não tinha o direito de dar direção aos filhos, que estes deveriam ficar aos cuidados dos pais. Hoje, admite-se a escola pública, mas contanto que haja um incentivo inaudito, com dinheiro público, para a viabilização da home school.

Tudo que é público tem de ser privatizado. O serviço privado é endeusado. Mas não só pelos argumentos liberais de que ele, o serviço público, seria mais eficaz, como se fazia e se faz na retórica conservadora. O privado é endeusado na medida em que o privado se torna o substituto do público em todos os níveis. Nem mais se argumenta pela privatização, virou um dogma religioso privatizar, mesmo que isso signifique entregar o que é nosso, público, a um tipo de monopólio. O que é público é acusado de guardar segredos, corrupção, administração pouco visível. O argumento esdrúxulo é que, uma vez privatizado, o serviço poderia ser esquecido, nós todos, a população, não teríamos mais trabalho de ficar sabendo como ele seria administrado. Os resultados para nós seriam tão bons que nem precisaríamos mais saber o que estaria se passando nas entranhas do órgão ou da empresa privatizada.

Surge uma tara pela transparência em meio ao paradoxal silêncio pelo sigilo dos cem anos! Tudo tem que estar sob holofotes e sob o fim de qualquer véu. A própria intimidade é tratada como elemento coadjuvante do consumo – o dos produtos singles, indo do perfume ao apartamento – e também é levada adiante como sendo o que deve ser exposto a todo momento. O movimento da filha do ex-presidente Temer, que tem endosso da imprensa, acha que a violência contra a mulher e menores se resolve por meio de uma campanha nacional em que as pessoas se apresentam em vídeos falando de como foram molestadas. A vida privada perde seu direito ao segredo. É duplamente devassada, pelo molestador e pela campanha contra o molestador. Ser cidadão sem ter sido molestado se torna uma mentira! Todos devem ter um relato para contar, para satisfazer a regra da sociedade atomizada: só há cidadania plena para o estuprado. Meia cidadania há para o que foi só assediado!

A própria política de cuidado da mulher deixa de ser política pública para cair nas mãos de uma ONG que, com o #agoravocesabe irá fazer da intimidade um espetáculo, um show, à moda do BBB.

Assim, a “sociedade do espetáculo” cria sua confusão: o presidente da República, que deve ter vida pública, vida visível, decreta cem anos de escuridão sobre uma série de seus atos. Ao mesmo tempo, as celebridades se abrem em vídeos, falando que foram assediadas. Há até quem dispute números: “fui mais assediado que você” – diz um irmão de apresentador de TV, após este segundo confessar que foi molestado! A diversão continua, mas quando se trata de apresentar uma oriunda da comunidade indígena, aí há indução para que ela conte detalhes que servem apenas para o voyerismo doentio. O pobre deve ser devassado.

Por conta da indistinção entre público e privado, as próprias igrejas avançam do campo moral e de regras de comportamento, vigentes para cada fiel, e passam então a dizer as regras que querem ver universalizadas por meio da chancela do poder político. Pastores inventam trechos de Bíblia e querem vê-los mais poderosos que trechos constitucionais, no que concerne a direitos humanos e políticas de minorias dentro da democracia. A cada denúncia que mostra que, não pagando impostos, ainda por cima são beneficiados pelo enriquecimento rápido, uma vez que, não raro, carreiam os recursos da igreja para o campo pessoal, os pastores deixam a própria mensagem religiosa escapar do âmbito da família para se impor no parlamento. Formam as “bancadas evangélicas” e, não raro, fecham acordos com privatistas e até mesmo com bancadas desrespeitosas aos direitos humanos.

A chamada pauta moral passa a ir e vir da política para a sociedade, da família para o indivíduo e vice-versa, e quando se acorda, eis que situações que eram políticas começam a ficar para o encargo individual e situações que caberiam ao indivíduo passam a ser vistas como merecendo regra estatal. Criam-se as “pautas de costumes”, e então elas jogam seu conteúdo para o interior da conversa sobre candidatos que, agora, são conversas feitas à revelia da necessária conversa prévia sobre como funciona o estado moderno. Ninguém quer saber como funciona o estado moderno, cada um quer moldá-lo pela regra do seu umbigo, como se ele fosse uma casa de uma família.

Aliás, até mesmo o orçamento do estado é visto, então, como orçamento familiar. O estado é decretado, por uma espécie de visão burra e anacrônica, como não podendo gastar, não podendo fazer investimento! Só se gasta o que arrecada, como se a política pública fosse da mesma ordem da vida familiar e doméstica. Mas também aí inverte-se tudo: o estado não pode gastar, mas a família deve poupar através do banco, e consumir não comida ou educação, mas comprar papéis do mercado financeiro. O estado não pode ter dívida, a família deve almejar juros e, para tal, antes de tudo, ter cartão de crédito e fazer dívidas. Os conservadores incentivam isso, na medida em que são arautos de bancos, financiadoras e seguradoras, e podem assim fazer se aproveitando da indistinção entre política e vida familiar.

Nessa hora, temos então o paraíso da classe média. Trata-se de um setor da sociedade que quer se distanciar da condição de assalariado, e por isso nega a existência da luta de classes. Esse pessoal acha que roubar e não roubar, que inicialmente tem a ver com a vida particular, é o único critério da vida pública. A discussão da corrupção no serviço público se torna hegemônica, e mais uma vez tudo o que valia ser falado apenas para o indivíduo, para questões atinentes ao seio da família, se torna algo único para ser posto como discussão sobre a política. “Fulano é ladrão” – berra o indivíduo na mesa do jantar em casa, sem perceber que a comida no seu prato está mais cara não por questões de roubo, mas por questões de política econômica, de falta de estoques reguladores, de falta de infra-estrutura etc., tudo o que é da ordem do estado. A iniciativa privada jamais vai estar preocupada com comida acessível para a maioria. A iniciativa privada, toda financeirizada, não tem nenhuma preocupação com maiorias.  

Essa situação toda, da indistinção entre o público e o privado, tem tornado a política medíocre, pois ela fica do tamanha das famílias, do que é menor. As famílias ficam deterioradas, pois elas absorvem o que não lhes é naturalmente compreensível. A correção disso, ao menos em um nível, é uma função da mídia filosófica que dirigimos. Nosso canal, o da Esquerda Reflexiva, empenha-se em conceitos exatamente para nos fazer deixar esse pântano. Essa é a tarefa mais fácil, imediata.

A segunda tarefa, bem mais complexa, é traçar caminhos para a construção de uma democracia participativa, capaz de inverter as prioridades da sociedade emergente como neoliberalismo. Temos de construir uma sociedade em que a financeirização não seja hegemônica no nível que temos hoje, uma sociedade menos atomizada. Urge termos, junto desse movimento, nos lugares de socialização, capazes de recuperar a solidariedade. Sem uma nova solidariedade perderemos o sentido de solidariedade.

Paulo Ghiraldelli, filósofo, professor e jornalista.  Do canal youtube.com/tvfilosofia

17 comentários em “Por que brigamos com familiares por política?”

  1. Gratidão pelo trabalho e por nos ensinar e fazermos pensar e analisar como estamos vivendo dessa bolha neoliberalista.

  2. camaralp

    Ótimo artigo!! Ainda ontem também estava comentando com colegas de trabalho como aqueles 0,10 centavos da passagem de São Paulo desencadeou uma série de eventos que desde 2013 não se acalmaram.

  3. camaralp

    Professor…ainda acho o livro “Manifesto Comunista” o livro sobre a luta de classes e direitos trabalhistas. Gostaria muito que não houvesse tanto preconceito com relação a palavra “comunista”.

  4. Excelente construção, professor. Obrigado pela iniciativa de organizar em palavras algo que todos nós precisamos nos dar conta e de alguma forma incorporar para melhor discernir. Estamos todos muitos perdidos e esse texto é uma luz que deve ser ampliada!

  5. Prezado Professor Ghiraldelli,
    não entendi na passagem do texto onde o Sr. escreve “Tudo que é público tem de ser privatizado. O serviço privado é endeusado. Mas não só pelos argumentos liberais de que ele, o serviço público, seria mais eficaz, como se fazia e se faz na retórica conservadora” . Para os conservadores não seria o serviço publico menos eficaz do que o privado?
    Agradeço a atenção e peço desculpas pelo não entendimento imediato dessa parte do excelente texto.

    1. Denílson,

      A pergunta foi para o professor mas vou responder por ter trabalhado na Petrobras Distribuidora que foi privatizada (hoje se chama VIBRA) e que terminou por ser um exemplo perfeito. O lucro obtido antes da privatização ia para o Estado, o qual poderia utilizar esse montante para políticas públicas. O argumento conservador quer que haja privatização para que se possa acumular capital, mantendo o status quo vigente do capitalismo financeiro. Ou seja, em vez de administrar melhor uma empresa pública ou sociedade de economia mista que obtém recursos importantes para as políticas públicas do Estado, opta-se por vender por um preço ABAIXO do mercado para a iniciativa privada que ganhará um lucro CERTO (capitalismo sem risco). E essa história de que empresa privada é mais eficiente é balela. A eficiência de uma entidade depende de sua gestão, independentemente de ser privada ou pública. A BR distribuidora teve uma gestão ruim pré-privatização justamente para ceder à privatização (grupos econômicos com forte influência no Estado articulam isso), é assim que o mercado funciona. E qual foi o impacto para o Brasileiro? A BR distribuidora sempre definiu seus preços de combustíveis antes de todas distribuidoras por ser líder de mercado. Essa definições de estrutura de preços na ex-BR ocorrem por meio de algo chamado “Neg” (Negociações), antigamente as Negs eram “de margem” o que significava que variações no preço a margem da distribuidora se mantinha, dando autonomia às gerências regionais para gerenciar os preços de acordo com a realidade regional e repassar baixas de preço ao consumidor. Depois da privatização, usou-se mais as negs “de desconto”, que, não se engane pelo nome, pois em situação tanto de alta quanto de baixa de preços de combustíveis, SEMPRE adicionará margem (lucro) para a a distribuidora privatizada, as gerências regionais passam a ter menos poder de negociação. Resultado: os preços,além do contexto mundial de alta do barril de petróleo, tiveram um grande aumento por conta de que o maior player passou a subir sistematicamente seus preços e a ser seguido pelos seus concorrente, contribuindo inclusive com a alta da inflação.

      A empresa que é do estado possui compromissos que a iniciativa privada desconhece: compromisso social, capilaridade em todas regiões do Brasil para favorecer a integração nacional, possuir a maior gama de produtos de derivados de petróleo para atender todos setores da economia. Diz-se que a empresa privada é mais eficiente por ideologia para que o mercado financeiro compre uma estrutura que já está PRONTA para dar dinheiro numa operação que é como se fosse um capitalismo sem risco: Pegar bens públicos rentáveis da SOCIEDADE e vender a preço de banana para acionistas que querem que a sociedade se dane. Numa empresa pública, o salário dos seus empregados é maior para manter os melhores profissionais para um resultado de longo prazo: é admitido o ser humano ser bem remunerado. Numa empresa privada, o que importa é o lucro HOJE, então há uma deterioração do trabalho para isso. Liberais vão dizer que hoje a VIBRA é melhor e mais eficiente do que o passado. Só que no passado a gestão da BR distribuidora foi prejudicada por articulações de centro-direita relacionadas ao mercado financeiro. Nenhuma ação de melhoria de negócio era incentivada pois a empresa tinha uma reestruturação organizacional por ano que bagunçava a empresa inteira para prepará-la para vender no mercado financeiro. Não se permite iniciativa nenhuma até a empresa ser privatizada. É uma estratégia antiga: vamos sucatear para vender depois.

      Denílson, termino com a seguinte pergunta para todos nós brasileiros refletirmos: Por que o Estado tem que vender seus bens valiosíssimos para que a iniciativa privada por meio do mercado financeiro ganhe dinheiro sem nenhum benefício para a sociedade em geral? A venda da BR diminuiu a capacidade do Estado de incentivar a indústria, controlar a inflação e ter dinheiro para políticas públicas. O que ganhamos com isso?

      Sou desconhecido, por necessidade, ao expor como a estrutura de preços de combustíveis da BR funcionava.

    2. Acredito que o Denílson tenha razão, pois na frase:
      Mas não só pelos argumentos liberais de que ele, o serviço PRIVADO (e não público como constou), seria mais eficaz, como se fazia e se faz na retórica conservadora” .

  6. Estimado prf, quise leer su artículo pero veo q tenemos ritmo diferentres. Hoy tener libre los 40…50 minutos es un tesoro…. Continuiaré escuochando sus videos mientras cocino, lavo y plancho… Agradezco su trabajo q nos mantiene comï si fuéramos seres pensantes

  7. Artigo muito interessante Professor, e de fato pelo que o senhor mesmo diz, corrupção é pauta de classe média, para tentar desmoralizar o estado.

  8. Esse texto é fantástico, é a história da minha família desde a reeleição de Dilma. A discussão sobre problemas da sociedade e formas de solução deram lugar às pautas morais. E o convívio familiar torna-se insuportável na medida em que essa reiteração de discussão moralista impede a família de ter um relacionamento saudável e superar os obstáculos que aparecem. A visão dos ideólogos que dizem que “nada vale a pena”, que o professor denuncia por ausência de conhecimento e boas intenções, entraram no discurso da minha família: “a política fede”, “tudo ladrão”, “foda-se tudo”. Sempre a apoiei da melhor forma possível minha família, mas em 2018 descobri um ressentimento dentro dela por eu ser mais bem-sucedido. Nunca abandonei a racionalidade e a tentativa de refletir o momento ponderando muito bem as escolhas, mas isso foi desconsiderado naquela eleição de 2018: na minha família, todos foram avisados que era um cheque em branco eleger bolsonaro e que provavelmente todos seríamos prejudicados e perderíamos o emprego… fui atacado de radical, petista, intolerante etc. Dito e feito: passamos um tempo eu, meu irmão e meu pai desempregados, somente minha mãe da área de saúde tinha emprego. Detalhe: ao longo dos últimos anos meu pai desenvolveu um cancer cujo medicamento custa 5000 reais e meu irmão passou a usar drogas. A ruptura veio quando minha família passou a mentir para mim, manipular-me e usar-me. Minha família de classe média se achava mais do que era e comprou esse pensamento típico de classe média. A inexistência da divisão entre público e privado faz com que a bravata moralista de senso comum entre dentro da casa das famílias e prejudique suas relações — cuidado, afeto, sinceridade passam a não ter vez. O resultado foi que tive que romper com minha família para sobreviver nesses anos difíceis.

  9. Professor, creio que o senhor trocou sem querer privado e público no parágrafo 13. “Mas não só pelos argumentos liberais de que ele, o serviço público, seria mais eficaz, como se fazia e se faz na retórica conservadora”

  10. Sou gay, e a angústia que sinto ao ver familiares meus votarem e defender o atual presidente é inexplicável. Como posso conviver com pessoas que compactuam da mesma visão LGBTfóbica?

    Tenho primas com filhos autistas, e eu jamais defenderia ou me omitiria a qualquer candidato que tivesse falas declaradas e uma visão preconceituosa e criminosa a respeito dos autistas. Mas é simplesmente embaraçador o fato de que se é algo que me atinge, não tem importância pra elas, não tem relevância. É impressionante ver parentes, que vc sempre esteve junto, se “importar” com sua vida só até certo ponto. São incapazes de sentir alguma consideração por vc, são incapazes de te defender de algo. Eu duvido que eles aceitariam eu colocar uma blusa com o rosto de algum suposto candidato que proferiu ofensas e discurso de ódio às crianças autistas, mas quando é ao contrário, eles não pensam duas vezes.

    Isso sem contar a aporofobia, o racismo, a xenofobia, o machismo…

    Realmente, é o conhecer a árvore (pessoa) pelos frutos (falas, ideias, omissões…). Você se desestabiliza, mas vê a verdadeira face dos “familiares”.

    Por que brigamos por políticas com familiares?
    Porque eles não prestam!

  11. bolsonaro é orientado a criar esta discussão toda a partir das suas “performances” e histrionismos:: o uso das religiões, os rompantes e as crises de bom-mocismo, a boca de esgoto que tem, a falta de modos estudada nas fotos (comendo pão numa mesa sem toalha e se esfalfando na farofa caída nas pernas),, as incontinências ou as obstruções intestinais púbicas por conta de não saber comer, mastigar, tudo estudado para chamar atenção e confundir os conceitos ou as identificações do que se vê e ouve. Quanto aos cismas familiares não sei se posso falar por todos, apesar de que famílias, segundo a lenda, no fundo e às vezes não tão fundo assim, são iguais, mudando apenas os seus endereço; também, que as famílias são felizes cada uma a sua maneira mas, infelizes, à maneira de cada uma (tostói, “Anna Karennina). A minha era uma tradicional família mineira e que idolatrava Juscelino e Tancredo. Sofreu-se muito naquele abril de 85 com a via crucis do futuro presidente do Brasil. Em 89 a família votou no collor porque o medo do comunismo representado pelo lula, era maior que a lucidez e a informação indisponível. fui nessa também. sim, votei no collor. foi voto de cabresto. minha tia era mdb de carteirinha. filiada; também não entendo a mudança. mas eu não tinha que entender nada, ainda mais naquela época. Hoje não falamos sobre política por situações óbvias: eles são bolsonaristas porque o lula é corrupto, defende o aborto e a liberação de drogas; também porque minha prima casou-se com um pequeno empresário que pensa ser indireta pra ele quando dizem que vão taxar grandes empresas e grandes fortunas; temos concepções de vida diferentes e conflitantes. Respeito a deles e não espero que respeitem a minha até porque o respeito ali passa pelo
    dinheiro e posição social. Não vou me espetacularizar mais com detalhes da minha vida e experiências que me levaram a constatar estas últimas 5 frases.

Não é possível comentar.