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O algoritmo do PageRank do Google, por Matteo Pasquinelli.

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Resumo:

A origem do poder e do monopólio da empresa Google deve ser buscada no algoritmo PageRank, invisível. O diagrama dessa tecnologia é exposto aqui como a mais perfeita descrição de máquina de valor no coração do que tem sido denominado “economia da atenção” ou “capitalismo do conhecimento” [dito “cognitivo” [I]]. Esse ensaio destaca a necessidade de que se construa uma economia política do algoritmo PageRank, em vez de continuar a expandir a crítica dominante, contra o monopólio da empresa Google, baseada no modelo do Panopticon ou de equivalentes de algum “Big Brother” (questões de datavigilância, privacidade, censura política). O poder da empresa Google é visto aqui, antes de tudo, da perspectiva da produção de valor (em diferentes formas: valor de atenção, valor de conhecimento, valor de rede, etc.): as consequências biopolíticas do uso que a empresa faz dos dados de que se apropria e que acumula são posteriores, no plano lógico.
Nesse ensaio, oferecem-se três principais argumentos sobre a “economia Google”, considerando respectivamente: a produção de valor, a acumulação de valor e a reapropriação de valor. Primeiro, o PageRank da Google é apresentado como a melhor implementação do diagrama do capitalismo cognitivo. Esse diagrama cognitivo e econômico inverte, de fato, o diagrama do Panopticon de linhagem Foucauldiana: não é simplesmente aparelho de vigilância e controle, mas também uma máquina para capturar tempo e trabalho vivos e transformar a inteligência geral social em valor de rede. A Datavigilância só tornada possível, portanto, graças exclusivamente a um monopólio de dados que já foram previamente acumulados mediante o algoritmo de PageRank.
Segundo, esse modelo de hegemonia cognitiva exige que se compreenda uma nova teoria da exploração do conhecimento, baseada na exploração de uma nova paisagem da mídia a favor de uma inteligência pressupostamente coletiva, que só aparentemente é livre e aberta. A empresa Google é aqui definida como parasita do contexto digital: de um lado, oferece serviços beneficentes gratuitos; de outro lado, acumula valor numa plataforma pervasiva de publicidade para a web (Adsense e Adwords). Mais importante: a empresa Google estabelece sua própria hierarquia proprietária de valor para cada node da internet e, assim, torna-se a primeira empresa rentista global sistemática a viver da exploração da inteligência geral social.
Terceiro, só será possível conceitualizar e organizar uma resposta política, se se inverter a cadeia de produção de valor (em outras palavras: “Cobre pelo seu page rank!”), em vez de tantos se consumirem em resistência só nominal contra algum “Panopticon digital”.